Oi amigos!
Antes de continuarmos o estudo dos arcanos, vamos trocar algumas ideias sobre o jogo com o baralho cigano, mas não do ponto de vista dos inúmeros modos de colocar as cartas, pois são mesmo numerosas as formas de usar o Lenormand! Em vez disso, vamos falar, um pouco, daquilo que antecede o jogo propriamente dito.
Vou tentar organizar esse post, à maneira de perguntas e respostas, baseando-me em minhas próprias dúvidas quando iniciei o aprendizado e nas perguntas que me são feitas mais frequentemente.
Depois, como um bom exercício, falarei de um método simples, mas muito eficaz, de entrar em contato com as nossas queridas cartas.
Algumas perguntas:
1 - Devemos jogar para nós mesmos?
Num mundo ideal, a resposta seria não, mas vamos falar francamente! Como estudar? Como ganhar intimidade com os arcanos? Como corrigir-nos? Como chegar à conclusão do melhor método, de jogo, para cada necessidade?
Geralmente somos desaconselhados a fazer isso, e aconselhados a procurar alguém que leia para nós. Isto seria o ideal, sim, mas não é possível sair em busca de quem leia para nós tantas vezes quantas necessárias para aprendermos a arte. Por outro lado seria justo e ético aprendermos, desde os primeiros passos, lendo para os outros? Acho que não. Então o que fazer?
Meu conselho seria o seguinte: comece com
jogos pequenos que não envolvam assuntos de grande importância. Ao explorarmos certas áreas da nossa realidade, poderemos estar tão ansiosos que se torna impossível uma leitura eficiente. Nossos desejos, medos e outros sentimentos não nos tornam aptos à uma leitura aberta e livre. Por outro lado, se explorarmos assuntos que não nos deixem ansiosos, poderemos ter a abertura necessária para deixar o baralho falar e a nossa intuição agir. Assim,
eu jamais perguntaria sobre algo cuja resposta poderia me desestabilizar. Preferiria pedir orientações ou explorar assuntos que não fossem muito "delicados".
A coisa fica um pouco mais difícil quando começamos a jogar para os outros, isso porque, habitualmente, "os Outros" são família ou amigos chegados (Dificilmente começamos jogando para desconhecidos)... Ao jogarmos para essas pessoas que nos são próximas, devemos ter o bom senso em admitir que nós, também, estaremos emocionalmente ligados aos assuntos mais delicados e graves que possam estar incomodando essa pessoa querida. Por outro lado, não poderemos evitar que esse amigo, ou parente, faça perguntas cujas as respostas possam ter grande impacto. Então se esse for o caso, e se você se sentir muito ansioso pela resposta que poderá ter, fale francamente e decida se vai jogar ou encaminhar a pessoa para algum colega. Se isso não for possível, use de todos os meios possíveis para acalmar-se, mantendo a mente o mais neutra possível em relação ao assunto, sem fazer juízos de valor ou focar num resultado desejado, ou temido! O medo, poderá ser tão forte, que as cartas poderão refletir esse medo. Afinal, lidamos com trocas de energia! A nossa, a do consulente, a intrinsecamente ligada ao assunto propriamente dito, a energia das cartas e dos guias e protetores. A
nossa energia durante tirada de cartas deve ser de uma neutralidade receptiva e não ativa. O que equivale dizer que não devemos jogar na mesa, nossas opiniões, desejos ou medos. As energias ativas serão as do consulente que trará, para o jogo, sua postura diante do assunto, a força que o assunto tem em si mesmo, e como atuam as várias forças que estão agindo sobre a questão (ainda que o consulente não tenha a consciência delas)
Já no momento da leitura, devemos estar tranquilos para ler o que o baralho nos diz, usando nosso conhecimento e intuição.
2 - Quem deve tirar as cartas?
As opiniões são bastante variáveis. Eu, particularmente, prefiro que o consulente retire as cartas do baralho, porque é aí que, entre outras coisas, vai se estabelecer a sincronicidade ou o princípio de que as cartas tiradas irão refletir o momento de quem as tira, já que há uma atração entre duas coisas semelhantes:
Aquilo que o consulente é ou sabe, mesmo sem ter essa consciência,
e o arcano que traduz esse conhecimento que vem do próprio consulente (via inconsciente, via guias, protetores, via inconsciente coletivo, dependendo do que se acredite).
Gosto de deixar que a força do consulente, obviamente presente em seus próprios assuntos, se manifeste.
De qualquer modo, faça o que seu coração mandar. Alguns preferem servir como veículo entre a energia que captam do consulente, e as cartas. Outros preferem deixar que a
energia do outro flua livremente, para só interferir na hora de analisar, e intuir (inclusive através da inspiração que venha de seus próprios guias) a resposta das cartas
à essa energia.
3- Cartas caíram durante o ato de embaralhar. O que fazer?
Isso pode acontecer de duas formas: A gente sente que fez algum movimento de forma desajeitada, e como resultado, cartas caíram... ou, enquanto estamos embaralhando as cartas com movimentos firmes, mentalizando a pergunta do consulente, alguma ou algumas cartas "pularam" do baralho. "Pular" descreve bem esse acontecimento. :)
No primeiro caso eu as recolho e torno a colocá-las no maço. No caso de cartas "que pulam" das nossas mãos,
eu as considero como uma mensagem importante sobre o assunto. Após interpretá-las, eu as devolvo ao baralho.
No meu caso isso costuma acontecer com bastante frequência :)
4 - Por que o consulente deve cortar o baralho e quando?
Deve cortá-lo no início do jogo (para "cortar" qualquer resíduo energético de outras consultas) e depois, cada vez que houver uma mudança de foco ou assunto. É uma forma de dizer ao baralho e a nós mesmos (cartomante e consulente) que terminamos a exploração de um assunto e que exploraremos outro. A ato de cortar, diz de uma forma muito clara que a energia ligada à jogada anterior deve ser descontinuada para que a energia de um novo assunto seja dominante.
5 - Por que cortar em três?
Bom, não é obrigatório que seja assim, mas o número 3 traz, em si, o conceito de
manifestação, ou
expressão, o que, aliás, é o propósito do jogo:
Que as forças atuantes, as singularidades das questões, o devir das situações, se manifestem através dos arcanos!
O número um (01) que simboliza, em vários sistemas, o princípio criador (fálico, masculino), a centelha primeira, é recebido (englobado) pelo número dois (02/ feminino), uma espécie de útero, onde se desenvolve e se articula enquanto ideia. O que foi gestado, isto é, a ideia que foi desenvolvida precisa, agora, "nascer" e se manifestar! Essa manifestação, ou seja, o movimento gerado pela união 1+2, acontece no três. De fato, o três (03) indica o movimento que algo faz para se tornar expresso, conhecido. O lenormand serve exatamente para expressar algo e tornar conhecido aquilo que está além das aparências.
6 - Que tipos há de jogos?
- Temos os jogos
abrangentes, que falam sobre vários aspectos da realidade vivida por alguém, como,
a chamada
Grande Mesa, Mesa Real ou Grand Tableau. Esse jogo utiliza todos os 36 arcanos, e nos fala, com uma profundidade impressionante, sobre vários aspectos da vida do consulente. Por isso mesmo, é um jogo demorado, que exige um bom domínio do significado dos arcanos e suas interações.
Ainda nessa categoria temos outros jogos que utilizam um número menor de cartas, mas que oferecem também uma visão geral do momento vivido pelo consulente.
- Temos jogos
direcionados, onde exploramos, profundamente, um determinado assunto. Todas as
cartas se referem à uma mesma questão. Quase sempre usamos cartas temáticas para reforçar a natureza daquilo que queremos explorar.
- Temos os jogos do tipo SIM ou NÃO
- Temos os jogos de
mensagem, onde tiramos uma, duas ou três cartas, e deixamos que a sabedoria desse método se manifeste, espontaneamente, sobre algum assunto ou em forma de um conselho ou lembrete.
7 - Quando não devemos jogar?
Quando estamos (nós, ou o consulente)
doentes, sobre
stress mental, energeticamente
desequilibrados, ou quando fizemos uso de
bebida alcoólica.
Quando o assunto nos causar angústia, medo ou qualquer sensação que impeça a nossa neutralidade.
Dependendo da fé que se tenha, não se deve jogar
em datas que coincidam com eventos que exijam, dos fieis,
jejum e recolhimento. Para os católicos (incluindo o Povo Cigano) não se deve jogar no período que vai
da quarta-feira de cinzas à Sexta-feira da Paixão.
O período do
Carnaval também deve ser evitado, pois há um grande acúmulo de energias conflitantes, desordenadas, e potencialmente perigosas do ponto de vista espiritual.
Algumas pessoas não jogam depois das 22:00 horas. Eu, particularmente, não gosto de jogar no período de 23:00 às 03:00hrs.
A mulher
grávida deve usar de bom senso e evitar dispender energia, ou se expor à energia alheia, principalmente no início e fim da gravidez.
A menstruação não é interdito para o jogo.
Deve-se evitar o jogo, no dia em que se visitou um cemitério, para enterro ou para qualquer outra atividade.
E o mais importante, eu não aconselho que você jogue quando, mesmo sem motivo aparente, seu coração pede que não o faça. Nesse caso, é quase certo que, em
algum momento do dia você irá entender o motivo ;)
8 - O que fazer antes do jogo?
O ritual anterior ao jogo é variável, e uma vez tendo chegado à uma forma satisfatória, deve ser repetido, sempre que possível, mas com muito cuidado para que não se torne automático e sem energia! Uma boa forma de fazer isso é que (à parte de orações que você use habitualmente), você faça uma oração espontânea, para aquele dia em particular, incluindo o nome do consulente, ou o seu próprio se for o caso, além de algo que nasça da sua sensibilidade naquela hora.
Por que usar um ritual? A forma de preparar a mesa, as orações habituais, as saudações a anjos, santos, guias e protetores, ou a forma de se concentrar se você não usar o baralho espiritualmente, "avisam" a seu corpo, mente, e alma, que se preparem para desempenhar a arte, ao mesmo tempo que comunicam ao astral, que essa é uma hora sagrada e consagrada à leitura das cartas.
9 - Devo cobrar?
Sim. Não necessariamente em espécie, se você quiser fazer uma caridade para alguém, mas recomendo que algo (vela, fita, moeda dourada, flor etc) lhe seja dado. Isto será uma forma de receber algo pela energia que você irá despender, mantendo a energia circulando. Por outro lado é tradição do povo cigano cobrar por aquilo que oferece, e que é parte de seu ganha pão. Dinheiro é uma forma de energia circulante e é legítimo que recebamos pelo nosso trabalho, como qualquer outro profissional.
10 - Toda essa preparação também deve ser feita quando vamos estudar?
Não necessitamos, nesse caso, de ter todos os elementos já estudados ou de fazer o ritual de abertura. Para os estudos, podemos chegar à uma preparação mais simples, como acender uma vela, e colocar um copo de água, ou apenas acender um incenso, ou fazer simplesmente fazer uma oração pedindo proteção e luz durante o exercício. O mesmo pode se aplicar, em alguns casos, em jogos para terceiros. Tudo que colocamos na mesa são símbolos, e se você os tiver dentro de si,
num caso de necessidade, serão prescindíveis, afinal, você não precisa deixar de ajudar alguém porque não está no seu ambiente normal de jogo e com tudo organizado! Mentalize o seu espaço sagrado, faça suas orações ou rituais pessoais, e quando se sentir ligado/a à arte, ao seu baralho, aos guias e às crenças que lhe são caras, Jogue!
Vejo que este post já está muito grande rsrsrs, então vamos deixar os exemplos de jogos para a próxima postagem :)
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Que Santa Sara nos abençoe, que os Mestres Ciganos nos orientem, e que os ciganos, que caminham conosco, estejam presentes a cada passo dessa jornada!